Os 900km mais longos da minha vida
Ainda no aeroporto da Cidade do México, alugamos um carro ( que já havíamos reservado há 9 meses do Brasil, a fim de garantir o preço promocional que encontramos ). Nosso destisno: Huatulco. Seriam 900km e imaginamos que faríamos o percurso em umas 10 horas. Doce ilusão. Tínhamos o mapa do México no GPS, mas ele não era eficiente como em outros países. Seguidamente se perdia, indicava rotas que não existiam...e graças a ele, ao invés de seguirmos pela rodovia ( carretera ) principal, ele nos desviou para uma rota alternativa, na qual entramos em várias cidadezinhas. O lado bom foi conhecer aquelas cidades, as pessoas bem diferentes, bem baixinhas, morenas e simpáticas. Todos me olhavam. Talvez por ser loira e alta ( ao menos perto deles kkkk).
Nos encantamos com a paisagem, cheia de serras gigantes, penhasco com muitos e muitos metros de altitude, pontes altas como nunca havia passado, picos nevados, vulcões, cactus. Às vezes, um lado da estrada havia uma vasta vegetação enquanto o outro lado era extremamente árido.
Saímos do aeroporto umas 8 horas da manhã. Só paramos para comprar água, porcarias para comer e abastecer o carro. Conforme as horas foram passando e a distância segundo o GPS nã diminuia muito, nosso horário previsto de chegada ficava cada vez mais tarde. E eu já estava apavorada.
Outra coisa que apavora, e muito, são os caminhões do exército, que passam cheios de militares armados até os dentes, com armas que eu nunca havia visto na vida!!! Fomos parados pelo exército, numa barricada, em busca de drogas. Revistaram todo carro, bateram nas portas e perguntaram se a gente não tinha droga nenhuma. Eu disse que não. Dai o milico me perguntou: "nem marijuana?" Nããão. Fomos parados também pela polícia federal que só nos pediu os passaportes. Ao longo da trip, fomos parados diversas vezes por diferentes polícias. O negócio lá é rigoroso, embora se saiba que é um país extremamente corrupto e violento. Mais até que o Brasil.
De repente, começou o trecho de serra mais sinuoso que já vi. Era curva para um lado e para outro, sem uma única reta. O carrinho não tinha direção hidráulica, entao foi sofrível. No começo, a serra estava linda, apesar de dar medo. As pistas eram estreitas, eles tem o costume de invadir a pista contraria, então todos carros que vinham na direção contra a nossa pareciam que iam nos bater. E para melhorar, não há acostamento. Não dá para olhar para baixo. Era um penhascão, nem sei dizer quantos metros tinha. Eu só pensava: se a gente cair aqui, nunca mais nos acham.
A noite foi caindo e meu terror, aumentando. Ainda faltava muito para chegar e a serra, com curva para direita e esquerda, sem uma reta para dar folga pros braços, não parava. Já era tarde, umas 9 da noite, não víamos mais nenhum carro, nem contra nós, nem à frente, nem atrás...
os cactus pela estrada |
De repente, a estrada acabou. Começou a ser de chão batido, tudo abandonado. Eu queria voltar, aquele caminho não podia estar certo. Estávamos sozinhos no meio do nada e sem saber para onde exatamente estávamos indo. Seguimos mesmo assim, afinal, não tinha o que fazer. Eu já estava quase chorando.
E como tudo que é ruim pode piorar, além da estrada de chão batido, agora com pedras no meio do caminho maiores que o carro, começou uma neblida que não dava para ver 1 metro à frente do carro. Nessas alturas, eu já estava aos prantos, pensando que uma gangue de narcotraficantes iria surgir de trás das pedras, mandar a gente sair do carro, nos encher de bala para levar tudo que tínhamos. Meu marido pedia para eu me controlar, porque até ele já estava nervoso.
Mas Deus é pai e chegamos ao destino, depois de nos perdermos pela cidade de Santa Maria de Huatulco, chegamos finalmente as Bahias de Huatulco. Chegamos ao hotel às 11 da noite, moídos, olhos doendo, mas agradecidos por ter dado tudo certo apesar do sufoco.
Nosso erro: planejar um trajeto tão longo sem saber como seria a estrada. Além das cidades que passamos, em que havia muito trânsito, essa serra teve cerca de 150km e levamos umas 4 horas para percorre-la. Nossa velocidade dificilmente ultrapassava os 40km/h. E o GPS não ajudou em quase nada.
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